segunda-feira, 2 de maio de 2011

ENTREVISTA GIRLS ON DRUMS 2 : SIMONE SOU


- SIMONE, VOCÊ TEM UM TRABALHO AMPLO DE PESQUISA DE RITMOS BRASILEIROS, AFRICANOS, EUROPEUS, LATINOS ETC. QUAL DESTAS NUANCES  VOCÊ ACHA QUE OCUPA OU OCUPOU MAIS TEMPO NAS SUAS PESQUISAS E QUAIS AS ADAPTAÇÕES MAIS
DIFÍCIEIS PARA A BATERIA ?

Meu desafio é exatamente trazer para a bateria elementos percussivos, já que os ritmos que pesquiso são primeiramente concebidos na percussão. Os ritmos que vem das manifestações populares da cultura brasileira são muito intrigantes , pois são basicamente simples, mas o sotaque  diferencia tudo e tráz as específicas linguagens pois é concebido num instrumento X, que foi artesanalmente feito, por isso com um som único. O som surge dessa necessidade de criar seu próprio som. Gosto de poliritmia, da polifonia dos tambores melódicos, por isso a percussão africana me atrai muito e a cubana me possibilita , na bateria, desenvolver funções de independência.
Mas meu grande desafio ainda são os inúmeros ritmos brasileiros e seus sotaques.

- QUAIS OS TRABALHOS MAIS MARCANTES EM SUA CARREIRA ATÉ HOJE ?

Claro que com Chico Cesar e Itamar Assumpção, no meu começo de carreira, Mutantes como percussionista, com a cubana Yusa, onde usava um set percuteria, com Badi Assad tb inventei outra percuteria, Fanta Konate e Dgembedom, com quem aprendi sobre ritmos da Guiné, Projeto Cru, com Alfredo Bello e Marcelo Monteiro, meu primeiro trabalho autoral, com Batucajé, projeto de percussão experimental com Robertinho Silva e Jadna Zimmermann, com a Orquestra Scotland- Brasil, onde metade da banda era escocesa, metade brasileira, com Ethel, quarteto de cordas de NY, onde era um projeto com musicos de varioas países, foi onde conheci Oleg Fateev, acordeonista com quem agora desenvolvo um trabalho de melodias russas com ritmos brasileiros, Soukast, em um duo de percuteria com Guilherme Kastrup e nossa, ainda tem tanta coisa !

- A PERGUNTA DE SEMPRE ... VOCÊ JÁ SOFREU PRECONCEITO POR SER UMA MULHER BATERISTA/PERCUSSIONISTA ?
Não chamo de preconceito, pois sempre me considerei um músico (música não tem idade, cor e sexo), mas posso dizer desconfiança. Começo de carreira, chegava pra montar a batera, passar o som, ou eu era a cantora ou a produtora. A equipe de som ficava olhando, meio que esperando para ver o que ia rolar. Depois do show o comportamento era outro. Outra frase que ouvi bastante foi "nossa, você toca que nem homem! "  Quero ver um dia alguém dizer para um homem : " nossa, você toca que nem mulher!" O que será que isso poderia ser? Acho que um grande elogio. Hoje em dia é uma vantagem ser mulher nos tambores, pinta trampo interessado nisso.

- VOCÊ USA SAMPLERS E LOOPINGS MUITO LEGAIS EM SEUS SHOWS. COMO VOCÊ OS PRODUZ E QUAL A IMPORTÂNCIA DA PARTE ELETRÔNICA PARA VOCÊ
Texturas, ambiencias e loops. Sempre gostei da sujeira sonora, no melhor sentido e gosto de usar os loops disparados por mim e não como sequencer. Gosto do eletrônico orgânico.

- QUAL O EQUIPAMENTO QUE VOCÊ USA HOJE ?
 

Bem, fora as latas e panelas que procuro em ferro velho, tenho uma Yamaha 9000 antigona que era do super batera Marquinhos Costa, sampler AKAI MPC 1000, percussões variadas, pratos  mistureba, Zildjian, Paiste, Sabian, Meinl, pedal DW, caixa Black Panther da Mapex  e por aí vai. Para cada gig eu invento um set diferente !!!

- O QUE TEM A DIZER SOBRE UM EVENTO COMO GIRLS ON DRUMS ? 

Acho que comprova a participação efetiva, 100% competente das mulheres na história do processo evolutivo e criativo da bateria e percussão. Uau ! É "nóis" !

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